Não se deixe enganar! Os profetas midiáticos
blefam. Os astros mentem. Os búzios falham. A bola de cristal está cheia de
rachaduras. Os videntes estão cegos. Os slogans que as igrejas adotam para o
novo ano não passam de marketing. Em 2014, tudo pode acontecer. Por mais que
façamos votos disso ou daquilo, o fato inconteste é que não temos controle sobre
o que nos pode acontecer. Todavia, podemos decidir como reagiremos diante de
algumas possibilidades. Baseado nesta premissa, eis minhas resoluções para 2014
e para dois mil e sempre.
Já que tudo pode acontecer,
então...
Caso venha a
prosperar, que o orgulho não se assenhoreie de mim, e para tal, hei de manter
sempre fresca a memória de minhas origens. Que a avareza jamais se instale em
minha vida, e que os bens que adquirir sejam usados para beneficiar a muitos.
Que não me deixe consumir por qualquer que seja o sonho de consumo. Que o desejo
por posses não me torne uma pessoa fútil e desprezível. Que eu dê valor às
pequenas coisas que verdadeiramente dão sentido à vida, e me desapegue daquelas
que insistem em me convencer de que são
essenciais.
Caso venha a passar alguma privação, que a
murmuração jamais se ouça dos meus lábios, e para isso, hei de trazer à
lembrança as inúmeras vezes em que a provisão de Deus me encontrou e, por isso,
serei sempre grato. Estou convencido de que há lições que só são aprendidas na
adversidade.
Se for
promovido, que meu amor ao poder não me torne insensível ao poder do amor,
transformando-me num cínico.
Se for aclamado, que a vaidade mantenha distância
do meu coração, lembrando-me que os mesmos que receberam Jesus com mantos e
palmas em Sua entrada triunfal, no dia seguinte exigiram a Sua crucificação. Que
jamais caia na tentação de almejar ser unanimidade. E que, assim, meus
princípios e valores sejam conservados em vez de negociados na banca da vaidade.
Se for humilhado e desprezado, que não me sinta
insultado, mas alegre pelo privilégio de ser partícipe do sofrimento do meu
mestre. Que em momento algum reivindique para mim a promessa de ser exaltado a
fim de ir à forra com aqueles que me pisaram.
Se ficar doente, que isso me seja um lembrete do
quão frágil e fugaz sou.
Se me mantiver saudável, use minhas energias para
produzir em favor do bem comum, e não apenas do meu aprazimento.
Se for traído, que não me demore a perdoar, antes
que a dor crie raízes profundas em minha alma e transtorne os fundamentos do meu
ser.
Se tiver que
lutar, que eu lute por uma causa, não por uma coisa.
Se for amado, que eu busque corresponder. Se não
for amado como desejaria ser, que, ao menos, procure ser amável.
Se tiver que ensinar, que meu objetivo seja
partilhar o que tenho recebido e não impressionar os outros com minha erudição.
Se tiver que aprender, que eu seja humilde o
bastante para constantemente revisar tudo o que julgo saber, mantendo-me sempre
aberto a novos saberes.
Se conhecer novas pessoas, jamais despreze meus
velhos amigos. Amizade é como vinho, quanto mais velho, melhor.
Se conhecer outros lugares, possa explorar seus
sabores e odores, mergulhar em sua cultura, adquirir experiências, mas nunca
perder minhas raízes, tampouco me envergonhar de minhas origens.
Se a tragédia me vitimar, que ela não seja capaz de
roubar-me a ternura e privar-me da esperança. Que eu consiga extrair dela todas
as lições que puder, e que, uma vez apreendidas, use-as para prevenir os demais,
poupando-os da mesma dor.
Sou o fruto de todas as minhas vivências, de todas
as minhas aventuras e desventuras, e por isso, recuso-me a ser ingrato. Todos os
que cruzaram o meu caminho ao longo desta jornada existencial, contribuíram para
que me tornasse no que estou me tornando. Mesmo os que me fizeram sofrer foram
cruciais para mim. Não lhos negarei minha gratidão. Cada lugar por onde passei,
serviu de cenário de minhas ações e paixões, alegrias e decepções.
Apesar de desconhecer o que me espera nas próximas
curvas da estrada, sigo confiante, fiado na única garantia de que disponho: a
Sua companhia.
Por Hermes C. Fernandes / www.hermesfernandes.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário