sábado, 14 de dezembro de 2013

A SIMPLICIDADE É ADMIRÁVEL:Warren Buffett: o bilionário modesto

Com hábitos de classe média, o segundo homem mais rico dos EUA conta por que não se importa de viver sem luxo

 
 

 
Reprodução/FORBES Brasil
Reprodução/FORBES Brasil
O norte-americano Warren Edward Buffett, 83 anos, é certamente o mais emblemático megainvestidor do século 20 e caminha para ocupar o mesmo título no século 21 – ou pelo menos em suas duas primeiras décadas. Não por acaso é o quarto homem mais rico do mundo, com uma fortuna de US$ 58,5 bilhões.




Nos Estados Unidos é o segundo mais abastado, ficando atrás apenas de Bill Gates, fundador da Microsoft. Nem a idade, tampouco um câncer de próstata, foram suficientes para abalar Buffett, o presidente, chairman e CEO da Berkshire Hathaway, um conglomerado baseado em Omaha (Nebraska) que administra uma série de empresas como a companhia de seguros Geico e a famosa fabricante de ketchup Heinz (arrematada em sociedade com o bilionário brasileiro Jorge Paulo Lemann). Buffett, também o 15º homem mais poderoso do mundo, conseguiu fazer com que a Berkshire fechasse 2012 com uma receita de US$ 162,4 bilhões.

Homem de muitos cifrões e títulos, Buffett é o contrário do estereótipo de bilionário todo-poderoso. Não dirige carrões de milhões de dólares nem vive em mansões cinematográficas com pias de ouro no banheiro e corredores cobertos por mármore de Carrara. Sua alimentação, dizem, é frugal. Ele está longe da imagem dos ricos que passam o dia na piscina de casa, sendo atendidos por um batalhão de funcionários, bebericando champanhe e beliscando torradinhas com caviar. E é claro que poderia. A fortuna do empresário engordou US$ 12,5 bilhões em relação ao ano anterior, mais do que qualquer outro membro da FORBES 400.


Apesar disso tudo, Buffett é um homem mais simples do que se imagina. Pessoalmente, leva uma vida muito parecida com a da classe média americana. Acredite, pois ele é exatamente assim, admitiu em entrevista à revista, realizada durante o II Encontro Anual de Filantropia da FORBES, realizado em 4 de junho nas Nações Unidas. O grande investidor também se mostrou um grande pai (de três filhos) em conversa com a FORBES. Desde cedo, incentivou sua prole a mudar o mundo – ao invés de nutrir paixões por carros esportivos e grifes.


“Meus filhos tiveram uma criação bastante normal. Quero dizer: eles e eu só moramos em uma casa principal que tive a vida toda e comprei em 1958. Portanto, eles não nos viam mudar para casas cada vez mais luxuosas e não voavam em aviões particulares. Iam de ônibus à escola. Todos os membros da família Buffett em Omaha cursaram o ensino público. Eles frequentaram a mesma escola que a mãe deles tinha frequentado, inclusive no ensino médio”, revela Buffett.



família morava em uma área na qual, em valores de hoje, os vizinhos ganhavam algo em torno de US$ 75 mil por ano. Por conta disso, ninguém da casa do lado direito, esquerdo, da frente, de trás e das ruas no entorno desconfiavam viver ao lado de um bilionário. Todos supunham viver ao lado de alguém como eles. À medida que a riqueza de Buffett crescia, a rotina do empresário mantinha-se inabalável.


“Eu só vivia a vida que eu queria viver, e minha mulher vivia a vida que ela queria viver. E nossos filhos cresceram assim. Não tinha nada que nós quiséssemos e que não pudéssemos ter, mas nós não desejávamos um monte de posses ou algo do tipo. Estávamos aproveitando a vida. Nossa casa era o centro das atividades, particularmente para os amigos da minha filha. E os vizinhos não achavam que fazíamos nada de especial. Eles ficavam imaginando o que eu fazia, porque durante seis anos eu não tinha sequer um escritório. Por seis anos eu trabalhei em casa, numa parte do meu dormitório. Não tinha secretária nem contador. Por isso, não houve nenhum motivo para meus filhos desenvolverem sentimentos estranhos com relação ao dinheiro”, revela.


Não fosse a lista dos 400 americanos mais ricos da FORBES e Peter Buffett provavelmente não teria compreendido a dimensão da riqueza criada por sua pai, Warren. “Foi nessa época que descobrimos quanto dinheiro nossa família tinha. Não estou brincando. Foi quando eu tinha meus 20 e poucos anos que minha mãe e eu conversamos em algum momento, porque lá estava ele nessa lista. E nós rimos daquilo porque achamos que era algo engraçado, uma surpresa mesmo. Contudo, todo mundo passou a nos tratar de modo diferente”, recorda.


“Foi uma mudança fascinante, embora não muito grande, porque não vivíamos naquele mundo ou num contexto cultural onde se exibisse muita riqueza. Nossos amigos ficaram tão surpresos quanto eu”, conta Peter. Nessa época, completa o pai, seus filhos já estavam crescidos e sabiam quem eram seus amigos. “E os amigos eram amigos porque gostavam deles, e não por serem os riquinhos do bairro ou coisa do gênero”, conta Buffett.
 

Filantropo conhecido, Buffet conta que ele e a mulher tomaram a decisão de doar uma parte de seu dinheiro quando ainda tinha 20 e tantos anos. O casal, lembra, já tinha tudo que queria ou necessitava. A ideia sempre foi a de doar. “Nós criamos a fundação da família lá atrás, nos anos 1960. Também chegamos juntos à conclusão de que, apesar de podermos ter uma grande fundação familiar, seria importante que cada um dos três filhos tivesse uma fundação distinta”, afirma.

Atento ao formato das fundações, Buffet conta ter observado alguns modelos com problemas por conta da existência de três, quatro ou cinco filhos no conselho. Há sempre alguém pronto para contestar por se sentir prejudicado. E isso tende a crescer. “Aí eles começam a se lembrar de que um deles torceu o rabo do gato quando tinha 6 anos de idade (risos), e a coisa pode acelerar”, conta.

Há 25 anos, Buffett confessa ter separado um valor relativamente pequeno para cada um. No final dos anos 90, ele constituiu três sociedades. Então, no Natal, ele as deu de presente para cada um dos três filhos. “Cada uma começou com US$ 10 milhões, mas nós dissemos que isso aumentaria mais e que nós não faríamos comparações entre elas. Em filantropia, ninguém sabe quais atividades vão dar retorno nem quando. Por isso, nós faríamos acréscimos ao longo do tempo, mas os acréscimos seriam iguais para as três.”

Primeiro ele criou uma fundação bem pequena e, a partir de 1999, uma maior. Seu caixa saltou de US$ 10 mi- lhões para US$ 120 milhões em seis anos, o que levou a família Buffett a aprender muito sobre como usar o dinheiro para fazer o bem. Abraçar a filantropia se mostrou uma causa desafiadora. “Eu tinha uma carreira e uma vida que adorava. Tinha coisas para fazer todo dia. Então, assumir isso de repente, nessa escala, teria sido uma enorme... É lógico que não vou usar a palavra “dificuldade”, mas teria afetado o foco da minha atenção. Passei dois anos realmente atento. Estava aqui em Nova York e foi como uma master class porque podíamos falar com quem quiséssemos. É engraçado, sabe? Quando você tem uma fundação de US$ 1 bilhão, suas piadas são mais divertidas, você é mais bonito, é simplesmente mágico”, conta Peter Buffett.

O pai, Warren, olha para o filho com orgulho. Qual o segredo para incentivar os filhos a se superarem profissionalmente e pessoalmente? “Nós nunca demos instruções sobre detalhes, mas acho que eles captaram os valores que eram significativos para mim e para a mãe deles. Uma das coisas pelas quais sou mais grato ao meu pai é que ele me apoiava em tudo que eu fazia. Ele não tentava viver a vida através de mim. Eu tentei transmitir isso aos meus filhos”, revela. Sem dúvida alguma, os filhos foram seu melhor investimento.
 
 
Fonte:msn.com.br

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