segunda-feira, 19 de julho de 2021

Pastor prevê mais repressão em Cuba: ‘As famílias não vão ficar de braços cruzados’.

Pastor prevê mais repressão em Cuba: ‘As famílias não vão ficar de braços cruzados’

Jatniel Pérez está realizando uma campanha para divulgar casos de pastores presos. “Vão prender mais pessoas.

Manifestantes em frente à embaixada cubana na Espanha, apoiando o protesto dos cubanos, em 12 de julho de 2021. (Foto: Oscar Gonzalez/NurPhoto/Getty Images)
Manifestantes em frente à embaixada cubana na Espanha, apoiando o protesto dos cubanos, em 12 de julho de 2021. (Foto: Oscar Gonzalez/NurPhoto/Getty Images)

“Cuba não aguenta mais”, disse Jatniel Pérez, diretor do Seminário Carey de Cuba. Quatro dias depois das marchas massivas em solo cubano, muitos continuam detidos. Pérez disse que nunca viu algo parecido com este movimento nacional. 

Entre os detidos estão os dois pastores evangélicos de Matanzas, Yéremi Blanco Ramírez e Yarián Sierra, cuja detenção arbitrária pode durar até 14 dias, segundo o líder. A esposa de um deles denuncia “abusos, maus tratos e injustiça”. 

O procedimento normal é que a polícia mantenha os detidos durante 3 dias, mas com a manifestação do povo nas ruas, a informação é que os pastores permanecerão presos por duas semanas e isso viola muitas das leis cubanas. 

Pérez, que também é pastor do Centro Bíblico Crescer de Velasco, está realizando uma campanha para divulgar o caso dos pastores para que sejam libertados o mais breve possível. 

Isso porque as ameaças de repressão feitas pelo presidente Miguel Díaz-Canel se concretizaram através das prisões, que podem se transformar em longas penas para muitos. Ele teme que essa repressão aumente nos próximos dias. 

Regime comunista

Cuba é uma nação comunista, desde 1959, e o governo sempre buscou controlar a Igreja no país. Pastores, líderes religiosos e grupos cristãos que criticam o regime enfrentam detenção, sentenças de prisão e perseguição.

Pais cristãos que se opõem à educação controlada pelo Estado na escola também enfrentam sentenças de prisão por ensinarem os filhos em casa. Além disso, a ideologia secularista, apoiada por representantes do governo, tem se tornado mais influente. 

Pérez reforça a importância de orar pela situação, divulgar o que está acontecendo e espera que a pressão internacional da mídia e do mundo possa ajudar na libertação dos detidos.

Situação dos pastores presos

Ramírez e Sierra foram presos numa ala da prisão feminina. De acordo com o veículo de comunicação Protestante Digital, eles não receberam permissão nem mesmo para fazer uma ligação para a família. 

“Há rumores pelas ruas que eles podem ser condenados a cinco ou sete anos de prisão. É por isso que estamos tentando pressionar para que isso não aconteça e eles possam ser liberados”, disse Pérez durante uma entrevista.

O pastor conta que a situação das famílias é muito complicada no momento. “Ramirez tem três filhos, dois meninos e uma menina. Sierra tem um filho com problemas mentais. As duas famílias dependem deles, principalmente nessa fase de pandemia, para sustento, alimentação e remédios”, revelou.

Cuba

Pastor Jatniel Pérez, diretor do Seminário Carey, pede orações aos pastores presos. (Foto: Reprodução/Protestante Digital)

“Cuba não aguenta mais”

Pérez pede orações e alerta sobre algumas denominações em Cuba que estão jogando o jogo do governo, quando pedem a seus membros: “Senhores, não façam nada, vamos ter calma, vamos confiar no Senhor, não saiam”, lembrou. “Entendo que não devemos pegar em armas nem nada parecido, esse não é o apelo do crente. Mas entendo que Cuba não aguenta mais”, continuou.

“Eles cortam nossa energia de 6 a 8 horas por dia, não há remédios, não há comida. Pagamos cerca de 60 a 80 dólares por apenas três comprimidos de antibióticos. Mesmo assim, não devemos fazer guerra ou confrontos, mas precisamos de uma mudança porque não podemos continuar vivendo assim”, desabafou.

Ele também explica o motivo pelo qual poucos pastores falam sobre o que está acontecendo. “Assim que eles falam, o governo faz o que fez com os dois pastores em Matanzas”, apontou.

O povo cubano também tem enfrentado grandes dificuldades com a pandemia. “Muitas pessoas estão morrendo e os hospitais estão falindo”, compartilhou. Pérez acredita que ainda haverá mais repressão por parte do governo.

“Acredito que vão monitorar os vídeos das manifestações, vão prender mais pessoas e vão criminalizar quem participou. Haverá uma lição para todos. Eles vão reprimir o povo, para que isso não volte a acontecer. Mas, também acredito que haverá mais manifestações, porque se as prisões continuarem as famílias não vão ficar de braços cruzados. Se houver repressão governamental, haverá reação nas ruas”, concluiu.

 


segunda-feira, 5 de julho de 2021

China está eliminando o dinheiro para caminhar em direção à vigilância total do governo

 

China está eliminando o dinheiro para caminhar em direção à vigilância total do governo

Pequim ambiciona suplantar o domínio global do dólar com o Yuan digital e seu grande teste será nos Jogos Olímpicos de 2022.


Sabe-se que os chineses estão entre os primeiros no mundo a inventar o papel moeda, no século VII. Mais de 1.400 anos depois, a China está novamente à beira de criar uma nova forma de moeda governamental.

Segundo alguns especialistas, isso pode representar uma séria ameaça econômica para os Estados Unidos e o Ocidente. “Não estamos falando de criptomoedas, na verdade, eles estão criando uma moeda física nacional que será representada em formato digital”, disse Erik Bethel, ex-diretor executivo dos EUA no Banco Mundial.

Bethel explica que enquanto o mundo está focado em criptomoedas privadas como Bitcoin, Pequim se ocupa em construir uma versão digital de sua própria moeda, o Yuan, também conhecido como Renminbi, para controlar seus cidadãos e, eventualmente, ameaçar o domínio do dólar americano.

“Eles criaram praticamente todos os blocos de construção que permitirão que a moeda digital do banco central floresça”, disse Bethel ao CBN News. Yaya Fanusie, ex-analista econômico e contraterrorismo da CIA, disse que o objetivo da China é substituir o dinheiro por uma moeda digital controlada pelo banco central do governo comunista.

Sociedade totalmente controlada

“A China chegou a dizer que, no futuro, pretende ser uma sociedade sem dinheiro. Essa ideia mostra que as notas e as moedas não existirão mais e as pessoas terão em suas ‘carteiras’ a moeda digital”, disse Yaya Fanusie, que também é membro sênior do Centro para Nova Segurança Americana.

Ele explica que essa moeda digital também será emitida pelo banco do governo, permitindo o que o congressista Michael McCaul, o principal republicano do Comitê de Relações Exteriores da Câmara, diz ser um acesso sem precedentes às transações financeiras das pessoas.

“Isso lhes dará dados sobre o comportamento das pessoas e como elas gastam seu dinheiro”, disse o deputado McCaul. Quer dizer que Pequim terá poder para rastrear os gastos em tempo real.

“Haverá um tempo em que o Banco do Povo da China, ou seja, o banco central desse país, será capaz de espiar os detalhes de cada transação, além de saber o que todo mundo faz, 24 horas por dia, 7 dias por semana”, alertou Bethel.

 Isso significa que se você é um ativista dos direitos humanos ou cristão, as autoridades poderão usar essa nova tecnologia para puni-lo, caso você se envolva  em atividades que sejam consideradas “anti-governamentais”.

Uma ferramenta nova para o governo chinês

“Essa capacidade tecnológica é algo que o governo nunca teve antes. Sempre tinha que ir às empresas e dizer 'ok, corta essa pessoa'. Agora, o governo chinês está bem perto de cortar da pessoa o acesso ao dinheiro”, disse Fanusie.

Eventualmente, as empresas americanas e outras estrangeiras que fazem negócios na China serão obrigadas a usar o novo sistema de pagamento em moeda digital do governo.

“Portanto, estamos falando de questões competitivas, eu diria que há questões de cibersegurança e questões de privacidade. Você está entregando seus dados ao Partido Comunista Chinês ao participar deste sistema de moeda digital”, alertou.

O dólar americano é a moeda de reserva dominante no mundo. O Renminbi da China é o número 8. A ambição de Pequim é, eventualmente, suplantar o domínio global do dólar com o Yuan digital.

China entrará em fase de testes

“A grande preocupação é internacional, especialmente para os EUA. A China está pensando nisso há décadas, eles  se anteciparam. Este mês, o governo comunista anunciou que distribuirá mais de 6 milhões de dólares em sua moeda digital aos cidadãos como parte de uma série de testes em todo o país”, revelou Fanusie.

O primeiro teste começa em Pequim, permitindo que os residentes de lá usem dois aplicativos de bancos do governo para fazer pagamentos digitais. A China então planeja fazer seu grande respingo de moeda digital nos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim, em 2022.

Agora que o maior regime autoritário do mundo lançou essa moeda digital soberana inédita, alguns nos Estados Unidos, como o congressista Mike Waltz, temem que Pequim use essa forma de pagamento para também evitar sanções econômicas.

“O governo chinês convencerá países como Burma, Irã, Coréia do Norte e outros a fazer negócios nessa moeda digital chinesa. Também permitirá que a China e esses países trabalhem em torno de uma de nossas ferramentas mais poderosas, que são as sanções”, disse Waltz ao CBN News, recentemente.

 Com base na história, Waltz acredita que a China está muito feliz em compartilhar a tecnologia com outros regimes desonestos que buscam melhorar suas próprias capacidades de vigilância sobre seus cidadãos.

“Quando a China compartilhar isso com países na África, no Oriente Médio e em outros lugares, eles poderão dominar seu povo de acordo com a versão chinesa do governo, mas então esses dados voltarão a Pequim para que eles, literalmente, por meio de reconhecimento facial e de voz, sejam capazes de monitorar o globo”, concluiu Waltz.

 


Fonte: Guiame/ Com informações de CBN News - Foto: Shutterstock