sábado, 6 de setembro de 2014

CENTENÁRIO DA ASSEMBLEIA DE DEUS NO BRASIL: Bispo Manoel Ferreira e Pr. José Wellington Bezerra da Costa

Manoel Ferreira e José Wellington - caminhos cruzados

No dia 03 de setembro de 2014, durante a 4ª Escola Bíblica Nacional (EBN) da CGADB no templo sede da Assembleia de Deus em Uberlândia (MG) houve um encontro memorável. Manoel Ferreira (presidente da CONAMAD) foi homenageado no evento promovido pela Convenção Geral e congratulou-se com o pastor José Wellington Bezerra da Costa (presidente da CGADB).

As homenagens, divulgada amplamente nas redes sociais são um bom momento para se refletir sobre a vida e trajetória dos dois aclamados líderes assembleianos, que apesar das gentilezas trocadas, há 25 anos chegaram a um ponto de discordância irrevogável.



Ferreira e José W. B. da Costa: turbulência no passado, amizade no presente

Líderes de ramos assembleianos divergentes, Ferreira e José Wellington possuem muitos pontos em comum em suas carreiras ministeriais. Nascidos na década de 1930, tanto Manoel como José Wellington são de origem nordestina, mas com vida profissional e familiar construída em São Paulo. Ambos foram ordenados ao pastorado nos anos 60, e chegaram ao topo ministerial em seus respectivos ministérios na década de 80. Os filhos dos dois cardeais das ADs, também são pastores das principais igrejas de Madureira e do Belenzinho, e estão nos conselhos das editoras ligadas a cada Ministério.

Nos anos 80, mais precisamente em 1982, Paulo Leivas Macalão (PLM) de Madureira e Cícero Canuto de Lima (Belém) faleceram após longos anos de liderança e trabalho. José Wellington já havia assumido o Ministério do Belém (SP) dois anos antes. Ferreira ainda antes da morte de PLM era um nome em ascensão em Madureira, e em parceria com Lupércio Vergniano conseguiu superar as pressões sobre o Ministério após o desparecimento de Macalão.

Portanto, ainda experimentando o reconhecimento e as responsabilidades de liderar grandes igrejas, Ferreira e José Wellington encabeçaram duas das 4 chapas concorrentes à presidência da CGADB em 1983. Foi uma eleição muito disputada, onde a diferença de votos entre os dois foi pequena. O líder de Madureira recebeu 683 votos e José Wellington 655. Segundo o próprio Ferreira em suas memórias, após a divulgação dos votos "houve um alvoroço", sendo que o próprio Wellington pediu uma nova apuração dos votos. Para sua decepção, na recontagem a diferença aumentou...

Quatro anos depois estariam de novo em lado opostos. Ferreira na chapa de Madureira como presidente e José W. B. da Costa como vice na chapa encabeçada por Alcebíades P. Vasconcelos. Foi uma eleição polêmica, onde as diferenças entre os Ministérios se exacerbavam. O abraço cordial que o derrotado Ferreira deu no recém-eleito Alcebíades (foto de destaque no Mensageiro da Paz) não correspondia à realidade, pois a cisão seria uma questão de tempo.

Pastor José Wellingon conta em sua biografia, que as diferenças entre pastor Alcebíades e pastor Manoel eram agudas, mas a morte do presidente da CGADB em maio de 1988, fez com que, nesse momento de crise, mais uma vez os dois destacados líderes se antagonizassem. Foi na liderança de Wellingon que ocorreu o desligamento da Convenção de Madureira da CGADB.

Mas a vida segue, e Manoel Ferreira hoje é presidente vitalício da Convenção Nacional de Madureira. O poder do clã Ferreira é evidente no Ministério, assim como certos exotismos para os antigos padrões assembleianos, como, por exemplo, a titulação de bispo dada a Ferreira, assim como as separações de pastoras para o ministério.

Pastor José Wellington após a crise, a qual culminaria com a saída de Madureira, se consolidou como presidente da CGADB, e agora tem o desafio de fazer um dos seus filhos seu sucessor na Convenção que preside por vários anos. Possui, ao contrário de Ferreira um discurso mais conservador e, aglutina em torno se si os principais líderes das ADs no Brasil.

Sobre os rumos que cada um deles tomou depois de 1989, talvez tenha sido melhor assim, pois são dois líderes com muitos interesses e representatividade para conviver em uma única convenção. Como bem salientou o próprio pastor José Wellington "Hoje somos amigos. Eles tocam a vida deles e nós tocamos a nossa".

Fontes:

ARAÚJO, Isael de. José Wellington - Biografia. Rio de Janeiro: CPAD, 2012


ARAÚJO, Isael de. Dicionário do Movimento Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.


FERREIRA, Samuel (org.) Ministério de Madureira em São Paulo fundação e expansão 1938-2011. Centenários de Glórias. cem anos fazendo história 1911-2011 s.n.t.

www.pastorjosewellington.com.br

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