segunda-feira, 18 de junho de 2012

OS FALSOS PREGADORES MERCANTILISTAS E O SUSTENTO JUSTO E BÍBLICO DO EVANGELISTA

 

 
A viúva de Sarepta que supriu o profeta Elias
 
Poucas coisas têm causado mais danos à credibilidade dos verdadeiros ministros de tempo integral quanto este moderno “comércio da fé”, em que pregadores estipulam seus cachês por mensagem. Talvez, você que esteja lendo esta postagem, considere tão normal esta atual configuração de “negócios eclesiásticos”, que possa estar dizendo: “Mas qual o problema em fechar a oferta do pregador?” Na verdade, não há nenhum problema em se fechar a oferta do pregador, o problema é no mínimo triplo: (1) O pregador que estipula o valor de sua oferta; (2) Os valores absurdos cobrados por certos pregadores; (3) O depósito prévio do valor da oferta para garantir a presença do pregador.
 
Observe as palavras do apóstolo Pedro: “e, por avareza, farão de vós negócio com palavras fingidas; sobre os quais já de largo tempo não será tardia a sentença, e a sua perdição não dormita. Porque, se Deus não perdoou aos anjos que pecaram, mas, havendo-os lançado no inferno, os entregou às cadeias da escuridão, ficando reservados para o Juízo...” (II Pe 2:3-4). Pedro, com clarividência profética prevê o aparecimento desses pregadores avarentos, cujas palavras são bonitas e até verdadeiras, porém, sua motivação interior é vil e hipócrita, persuadindo as pessoas com a mente no cachê ao final de seu discurso; estes, segundo as palavras divinamente inspiradas de Pedro, serão duramente sentenciados.
 
Com raras exceções, muitas igrejas e pastores se tornaram reféns dos pregadores que cobram para pregar; estas igrejas estabeleceram verdadeiros “fãs clubes” de pregadores “mega star”. Alguns pastores que não acreditam em sua própria vocação, se sentem exacerbadamente dependentes destes mercenários para atrair seu próprio rebanho; é evidente que pastores precisam do apoio ministerial de evangelistas sérios e comprometidos com o Reino de Deus para conduzirem cruzadas periódicas e reavivamentos locais, e estes sim são dignos de receberem grandes ofertas da Igreja, pois não as cobraram; porém, uma igreja não pode viver de eventos extraordinários, ela precisa do alimento espiritual cotidiano fornecido pelo anjo da Igreja, o Pastor O ministério do Evangelista para a Igreja Local, é uma “iguaria fina”, que não existe para ser consumida 365 dias por ano, mas em ocasiões especiais esporádicas.
 
A negociação para pregar o evangelho é feita mais ou menos assim: O pastor liga e diz: “Quanto você COBRA para pregar na minha igreja?” E recebe como resposta: “Irei pregar por uma oferta, e dinheiro adiantado se não nada feito!” O pastor responde perguntando: “Quanto pagarei?” O pregador responde dizendo: “Olha amado, o senhor sabe que para sustentar um “HOMEM DE DEUS” não é tão barato, portanto, eu cobro (5.000,00) por mensagem; e olha o senhor fecha logo o contrato porque a minha AGENDA é cheia se o senhor não quiser tem muitas outras igrejas que querem; aliás, eu não tenho nem muito interesse em ir ai, mas, como é para o senhor ou vou neste preço; o pastor da uma pensada em trinta segundos e responde NEGÓCIO fechado.

Tudo isso não soa muito estranho pra você? Mesmo considerando as palavras de Jesus ao comissionar seus primeiros pregadores itinerantes?: “e, indo, pregai, dizendo: É chegado o Reino dos céus. Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os dmônios; de graça recebestes, de graça dai.” (Mt 10:8).
 
Com embasamento em pesquisa realizada pelo Pr. Joanyr França, podemos cotar os valores do atual mercado da “PREGAÇÃO GOSPEL”:

A – 150.000,00 (pregadores importados dos Estados Unidos que pregam sobre a teologia da prosperidade)

B – 80.000,00 (pregadores vindo da Europa são mais baratos porque segundo eles o cristianismo na Europa esta em baixa)

C – Brasil: Brasil é o celeiro dos PREGADORES GOSPEL onde eles chegam a faturar livre 80.000,00 mensal. Mas os preços não são fixos, existe uma variação; mas o mínimo fixado por eles é 3.000,00 por mensagem; os valores variam porque os PREGADORES GOSPEL estão divididos em TRÊS CATEGORIAS:

1- Pregadores ASTROS: São os de primeira classe, os famosos que exigem ALTOS CACHÊS, só hospedam em hotel CINCO ESTRELAS, não pregam em igrejas pequenas e para grupos pequenos. Cobram de 10.000,00 a 50.000,00 por mensagem.

2- Pregadores ESTRELAS: É uma classe de pregador que não divergem muito dos astros, a divergência é apenas em relação aos valores cobrados que variam de 5.000,00 a 25.000,00 por mensagem.

3- Pregadores ASPIRANTES: São aspirantes ao posto de estrela e astro, estão no mesmo caminho deles, e como ainda não chegou ao degrau superior, têm as mesmas exigências das outras duas classes, porém, cobram mais barato, algo em torno de 3.000,00 a 15.000,00 por mensagem (texto do Pr. Joanyr França).
 
A piedade não é causa de ganho (I Tm 6:5-6).
 
Na verdade, o dano desses pregadores mercenários não seria tão nocivo somente pelo aspecto financeiro ou por sua motivação impura, pois consolado acerca desses homens, o apóstolo Paulo escreve: “Verdade é que alguns também pregam a Cristo por inveja e porfia, mas outros de boa mente; uns por amor, sabendo que fui posto para defesa do evangelho; mas outros, na verdade, anunciam a Cristo por contenção, não puramente, julgando acrescentar aflição às minhas prisões. Mas que importa? Contanto que Cristo seja anunciado de toda a maneira, ou com fingimento, ou em verdade, nisto me regozijo e me regozijarei ainda.” (Fl 1:15-18). Note que Paulo se conforma com os falsos pregadores enquanto sua mensagem é verdadeira, mas outro problema tem ocorrido entre esses pregadores “caros”, a propagação de heresias e formação de uma mentalidade espiritual popular fraca. Vejamos pelo menos cinco problemas na mensagem para identificarmos esses pregadores duvidosos:
 
1.   O excesso de conjecturas mal elaboradas e mal explicadas.
 
No afã de tornar o sermão mais atraente e empolgante, esses pregadores se utilizam de certas conjecturas que são feitas sem nenhum critério doutrinário, ou seja, narra-se uma história bíblica acrescentando informações inexistentes como se fossem fatos, assim, a conjectura já não é mais uma saudável ferramenta hermenêutica e homilética, e sim um elemento herético.
 
2.    Conteúdo antropocêntrico, marcado pelo desprezo à glória de Deus.
 
A mensagem do itinerante não pode ser outra senão Cristo e este crucificado (I Co 2:2). O ego humano e não a alma perdida parece ser o alvo dessa safra de pregadores modernos. Não se prega o que é certo para o homem, mas o que dá certo para ele; fórmulas mágicas de felicidade e crescimento apresentadas num tom de terapia motivacional. Não fala em arrependimento, renúncia, santificação, senão em “três passos para ter sucesso”; “sete chaves para ser influente”; “cinco dicas para crescer” e blá, blá, blá... O homem está no centro dessa mensagem odiosa e vil, e não o Cristo crucificado e glorificado.
 
3.    Uma ênfase triunfalista sem critérios e parâmetros para uma vida de triunfo.
 
São apresentadas maravilhosas promessas de vitória, tudo a custo de nada. As únicas bençãos que já nos foram providenciadas através da redenção, são as de cunho espiritual (Ef 1:3), as demais dádivas divinas chegam a nós condicionalmente (Jo 15:7). E mesmo algumas bênçãos espirituais advindas da redenção, operam de forma condicional (I Jo 1:7). Não se pode vociferar o “você vai ter!”; “você vai receber!”; “vai acontecer na sua vida!”, sem antes expressarmos as condições bíblicas para a aquisição da vitória.
 
4.    Espírito grosseiramente insubordinado que cria nas massas uma mentalidade infiel às lideranças constituídas por Deus.
 
Alguns desses pregadores não têm um referencial de liderança, não estão “cobertos”, ou seja, não estão sob a autoridade espiritual de ninguém; são meros andarilhos, pregoeiros errantes que não têm compromisso com a Igreja de Cristo, pois se o tivessem, teriam também com os líderes constituídos da Igreja. Em suas mensagens, tentam astuciosamente infundir esse espírito insubordinado no povo, formando gerações de crentes rebeldes. Eles aproveitam eventos isolados em que há pessoas de diversas igrejas, para maldizer seus respectivos pastores, colocando dúvidas no coração das pessoas quanto aos seus líderes: “Aquele seu pastor frio!”; “Esse pastor que não enxerga sua chamada!”, e coisas assim. Isso é perigoso! Fuja dessas insinuações malévolas!
 
5.    Superficialidade escriturística e ausência de conteúdo doutrinário.
 
Esses pregadores se dedicaram a decorar de maneira espantosa versículos bíblicos, porém, não há um senso de cadeia temática, eles simplesmente disparam textos bíblicos de maneira desconexa e jactante, porém, o conhecimento contextual acerca dos mesmos é superficial, alem de não estarem instruídos na ortodoxia da doutrina bíblica.
 
É bem verdade que as pessoas não querem ouvir um sermão meramente homilético e recheado de textos bem organizados, é preciso ter A PALAVRA DE DEUS, ou seja, aquilo que Deus tem a dizer às pessoas. Mas esta Palavra não pode estar desvinculada de um parâmetro doutrinário apostólico.
 
Precisamos poupar as ofertas do povo de Deus para aplicá-las em causas realmente justas e pregadores realmente ungidos e comprometidos. O pastor não pode de maneira generalizada atribuir esse disparate mercantilista a todos os pregadores itinerantes do evangelho. Na verdade, alguns pastores vetam o ministério de evangelistas em suas igrejas por não entenderem o perfil completamente singular desse tipo de ministro de Deus. O ministro e historiador pentecostal de avivamentos Roberts Liardon, em seu livro Os Generais de Deus comenta: “De modo geral, os evangelistas avivalistas são rápidos, extravagantes, dramáticos e têm a energia de um touro. Se o pastor entende o chamado do evangelista, os dois podem trabalhar muito bem juntos; entretanto, se o ministro tentar controlar o evangelista, para este se encaixe dentro das necessidades da igreja local, aí vai haver problemas.” (pag. 350) No mesmo livro (pag. 347), descrevendo o estilo de um grande evangelista da década de 40, Liardon narra: “Era um pregador típico da religião ‘à moda antiga’, com os mesmos costumes de bater o pé, dar gritos, chorar, soltar exclamações de ‘glória a Deus!’, falar em línguas bem alto e até dançar no púlpito, de modo extravagante.
 
Voltemos à questão tão polêmica. Já que este comércio de pregadores não é aceitável a Deus e à sua justiça, então como deve ser o SUSTENTO DO EVANGELISTA?
 
O EQUILÍBRIO BÍBLICO PARA O SUSTENTO DO EVANGELISTA
 
É fato observar que na mentalidade de certos pastores também avarentos, a igreja local não tem nenhuma responsabilidade para com o evangelista convidado, senão a gasolina e uma “esmola sagrada”. Além de avareza, esse tipo de atitude revela o espírito egoísta desse pastor, que, tendo já tirado o que é seu de direito do altar dos santos (I Co 9:13), não se importa com seu colega de ministério, e se gaba de ser mais abnegado por estar de contínuo junto ao altar. Que tremenda estupidez! Como ministro atuante tanto no ministério fixo (pastor) quanto no itinerante (evangelista), sei muito bem que ambos os ministérios são marcados por intenso labor e dedicação do obreiro da ceara.
 
No mesmo contexto em que Paulo fala acerca do sustento financeiro dos obreiros fixos, ele também faz menção às palavras do próprio Jesus acerca do abnegado evangelista itinerante dizendo: “Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho.” (I Co 9:14).
 
Num dos clássicos da literatura pentecostal chamado O Pastor Pentecostal, um dos autores, o renomado pastor Glen D. Cole, escrevendo sobre A REMUNERAÇÃO DO EVANGELISTA, enumerou três aspectos concernentes a uma conferência ou cruzada evangelística com essas palavras:
 
1- Despesas de viagem. O evangelista será grandemente beneficiado se, antes da cruzada, medidas forem tomadas para pagamento das despesas de viagem. Por exemplo, se o evangelista vai de avião à cidade da cruzada, a passagem deve ser comprada com bastante antecedência ao menor preço possível. O evangelista deve se sentir à vontade para informar esse custo à igreja, a qual deve reembolsá-lo tão logo o saiba. Despesas com alimentação e com aluguel de carro também são reembolsáveis. Essas sempre serão responsabilidades de quem convida, e não do convidado. O pastor abençoa o ministério do evangelista quando esses assuntos são manejados com previsão e amoroso cuidado.
 
2- Hospedagem. O evangelista (inclusive esposa e/ou família) precisa de acomodações tão cômodas quanto possíveis para realizar um ministério eficaz. É essencial que disponha de lugar apropriado onde possa ficar a sós com Deus para preparar coração e mente para pregar. Alimentação adequada é outra consideração ligada à hospedagem.
 
Necessidades específicas do evangelista devem ser informadas com antecedência para que tudo lhe seja providenciado. O evangelista faz um investimento de tempo, família e talento, objetivando ajudar o pastor a alcançar sua comunidade para Cristo. Que o investimento da igreja local, feito no período em que o evangelista convidado está na cidade, seja considerado e levado a efeito de maneira cristã.
 
3- Honorários. Qual a política da igreja local no que respeita às ofertas para o evangelista? Tal procedimento deve ser claramente acertado antes da realização da cruzada. Na minha opinião, deve ser dada oportunidade para que a congregação afortune o evangelista com ofertas, da mesma maneira que a igreja é abençoada pelo ministério do evangelista. A congregação nunca deve ser impedida de, generosamente, dar ofertas a ministros talentosos que agraciam o púlpito de nossas igrejas. Esses servos de Deus não podem fazer campanhas nas 52 semanas do ano. Sua renda deve ser suficiente para cobrir os períodos em que não há rendimento financeiro. A hora de se ofertar é a hora de se lembrar dessas palavras: “Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber” (At 20:35).
 
Este princípio de abençoar financeiramente aqueles que nos são portadores da Mensagem Divina é bíblico e doutrinário, moral e ético.
 
E o que é instruído na palavra reparta de todos os seus bens com aquele que o instrui” (Gl 6:6).
 
Cristãos que somos nossa cultura é judaico-cristã, e no cerne da cultura judaica primitiva e hodierna, está esta nobre veneração por homens a quem Deus agraciou com sua Palavra, Rabinos, Sacerdotes, Profetas.
 
Além dos honorários legais instituídos por Deus para os levitas, os filhos de Israel entendiam que não era razoável se apresentar perante um homem de Deus sem uma dádiva, como vemos na narrativa de Samuel:
 
...Eis que há nesta cidade um homem de Deus, e homem honrado é; tudo quanto diz sucede assim infalivelmente; vamo-nos agora lá; porventura, nos mostrará o caminho que devemos seguir. Então, Saul disse ao seu moço: Eis, porém, se lá formos, que levaremos, então, àquele homem? Porque o pão de nossos alforjes se acabou, e presente nenhum temos que levar ao homem de Deus; que temos? E o moço tornou a responder a Saul e disse: Eis que ainda se acha em minha mão um quarto de um siclo de prata, o qual darei ao homem de Deus, para que nos mostre o caminho.” (I Sm 9:6-8)
 
Perceba a importância de se ofertar e honrar a homens de Deus.
 
A mulher sunamita não se reservou em construir uma “suite” para o profeta Eliseu e seu assistente (II Rs 4:8-11). Da mesma sorte, a pobre viúva de Sarepta não hesitou em dar sua última provisão ao homem de Deus o profeta Elias (I Rs 17:8-16).
 
Indubitavelmente, Jesus é o nosso exemplar perfeito de pastor e pregador itinerante em tempo integral, e ao contrário do que muitos possam imaginar, o ministério de Jesus não era suprido “sobrenaturalmente”, Jesus não multiplicava pães e peixes o tempo todo, tão pouco multiplicava dinheiro. A estrutura do ministério de Jesus carecia de recursos especiais, pois seu “staff” era composto de doze obreiros que também trabalhavam na pregação do evangelho continuamente. De onde vinha o sustento para Jesus e sua equipe evangelística? A resposta é: das ofertas voluntárias dos fieis discípulos que eram abençoados pelo inigualável ministério do Messias revelado. Dentre esses discípulos que foram tocados pela unção desse ministério, estão as mulheres, isso mesmo. Vejamos:
 
E aconteceu, depois disso, que andava de cidade em cidade e de aldeia em aldeia, pregando e anunciando o evangelho do Reino de Deus; e os onze iam com ele, e também algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e de enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual saíram sete demônios; e Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes, e Suzana, e muitas outras que o serviam com suas fazendas.” (Lc 8:1-3)
 
Essa é a antiga máxima do sábio legalismo judaico oriundo da mente de Deus: “Não atarás a boca ao boi, quando trilha.” (Dt 25:4; I Tm 5:18). Em outras palavras: Não sonegue ao trabalhador da ceara o direito de comer do trigo que colhe.
 
Gostaria de recordar ao leitor que o genuíno e vocacionado pregador do evangelho, não deixou de trabalhar para pregar, e sim passou a trabalhar na pregação. Por isso, ele é um trabalhador tão digno de ser remunerado quanto o trabalhador secular. “...Digno é o operário do seu alimento.” (Mt 10:10; I Co 9:14; I Tm 5:17-18). Deus em Cristo o ilumine.

 
 
Fonte: Blog do Pr. Eneás

Um comentário:

  1. Pastor. Seria muito bom dar nomes aos bois. Quem são estes pastores? Preciso descarta-los de minhas leituras imediatamente. Vagner Araujo

    ResponderExcluir