DECEPÇÕES DA VIDA
(João 5.1-9)
Nesta narrativa bíblica, Jesus se depara com
uma cena não muito diferente do que acontece hoje nos hospitais e prontos
socorro de todo o Brasil, multidões de pessoas sofridas, enfermas a espera de
um milagre. O quadro ali era de causar tristeza e comoção, pois havia pessoas
aleijadas, cegas, enfim acometidas de toda sorte de doenças e enfermidades, que
ficavam à beira de um tanque, chamado Betesda. “Porquanto um anjo descia em certo tempo ao tanque, e agitava
a água; e o primeiro que ali descia, depois do movimento da água, sarava de
qualquer enfermidade que tivesse”. Imagine a expectativa e dependência
daquele povo, pois a solução para sua dor dependia de algo alheio as suas
possibilidades. E foi ali que chegou Jesus e contemplou um homem que, havia
trinta e oito anos, se achava enfermo. E Jesus, vendo este deitado, e sabendo
que estava neste estado havia muito tempo, disse-lhe: Queres ficar curado? O
enfermo respondeu-lhe: Senhor, não tenho homem algum que, quando a água é
agitada, me ponha no tanque; mas, enquanto eu vou, desce outro antes de mim.
Jesus disse-lhe: Levanta-te, toma o teu leito, e anda. Logo aquele homem ficou
são; e tomou o seu leito, e andava.
Podemos analisar a situação daquele homem que
sofria a tanto tempo, trinta e oito anos. Imagine a sua dor, seu sofrimento e
sua decepção. Certamente era um homem desiludido com tudo, com as autoridades,
com os amigos, com os parentes, consigo mesmo e possivelmente até com Deus.
Podemos definir decepção como: ato de enganar,
logro, desilusão. Ou ainda, fracasso de uma esperança; desengano; surpresa
desagradável; desgosto, etc. E certamente era este o sentimento de um homem
altamente limitado fisicamente, que aguardava o mínimo de ajuda e compreensão
de pessoas que pudessem lhe estender a mão. Porém, ao invés disso desrespeitam
seu lugar na fila e passavam lhe na frente, e nessa situação os anos passavam e
passavam e o homem esperando sua vez que nunca chegava.
As decepções na vida são incontestáveis, elas
vêm a todas as pessoas e não respeitam classes sociais, cor, sexo e idade.
Nesses dias pós carnaval, por exemplo, milhares de pessoas em todo o país estão
no auge da decepção. Desfrutaram as festas carnavalescas, se entregaram aos
prazeres, se relacionaram com pessoas, gastaram indiscriminadamente e agora em
consequência, a frustração e decepções.
O homem do nosso texto, certamente estava
decepcionado consigo mesmo. Afinal era muito tempo sofrendo, trinta e oito
anos. Ele já vira outras pessoas passarem na sua frente. Muitas vezes quando
olhamos em volta de nós e vemos o problema em que estamos envolvidos começamos
a nos lamentar e nos acusar. Achamos que somos incompetentes, incapazes,
limitados, que as coisas boas acontecem a todos menos a nós mesmos. Assim, logo
vem a frustração, a baixa autoestima, a falta de fé e o desânimo.
O homem de nosso texto, certamente estava
decepcionado com o egoísmo das pessoas, que não lhe davam chance: “Senhor, não
tenho ninguém que, ao ser agitada a água, me ponha no tanque; assim, enquanto
eu vou, desce outro antes de mim” (João 5.7). Como nos surpreendemos com o
egoísmo das pessoas, elas só pensam e estão preocupadas com elas mesmas.
Observamos isso nas filas de ônibus, dos trens, metrôs, bancos, no trânsito. É
uma correria egoísta inexplicável, ninguém lhe dá a vez.
O homem de nosso texto, certamente estava
decepcionado com os falsos amigos. Mas, onde estavam aqueles que eram seus
amigos? Será que durante sua vida não houvera feito nenhum? Certamente que sim
pois todos nós temos amigos. Mas é que os amigos verdadeiros são poucos e os
poucos não estavam ali. Quantos de nós de igual modo também fomos decepcionados
pelos amigos?
O homem de nosso texto, certamente estava
decepcionado com a falsa religiosidade. Onde estavam os religiosos? Os serviços
sociais da época? Os caridosos? Muitos hoje estão pregando o amor ao próximo,
mas a prática é bem diferente do discurso. O verdadeiro evangelho é o que pensa
no outro, o que pensa somente em si não é evangelho.
O homem de nosso texto, certamente estava
decepcionado até com o próprio Deus. Quantos questionamentos ele deveria fazer.
Será que estou esquecido por Deus aqui neste lugar? Como muitos hoje também, quando
se veem em momentos angustiantes ou trágicos. Na verdade, há momentos em que
nos sentimos abandonados por todos, momentos em que oramos, suplicamos a Deus e
nenhuma resposta. diz o salmista: “Mas tu, Senhor, és um Deus compassivo e
benigno, longânimo, e abundante em graça e em fidelidade” (Sl 86. 15).
A Bíblia ainda nos diz que o choro pode durar a
noite inteira, mas a alegria vem ao amanhecer. Por mais que se prolongue nossa
dor, por mais dolorida que seja, devemos aguardar a resposta e livramento do
Senhor. O homem de nosso texto, que sofreu por tantos anos, finalmente
encontrou sua bênção. Não, como esperava, mas de forma infinitamente superior.
Jesus chegou na sua vida. Jesus aproximou e lhe perguntou: “Queres ficar curado?
” (v.6). Foi a pergunta de Jesus àquele homem e logo Jesus mandou levantar e andar.
O mesmo Senhor te pergunta hoje: “Queres ficar são? ” Receba a dádiva do Senhor Jesus em sua vida.