sexta-feira, 23 de março de 2018

Desigrejados já são mais de 4 milhões no Brasil e suscitam debates teológicos entre lideranças

Um grupo crescente dentre os evangélicos são os denominados desigrejados, fiéis que abriram mão do vínculo com igrejas por causa da insatisfação com desvios teológicos, escândalos políticos e financeiros e outras razões. De acordo com o IBGE, em 2003 apenas 0,7% dos cristãos protestantes se diziam não frequentadores de templos. Em 2009 esse número já havia chegado a 2,9%.
A discussão em torno do assunto parte sempre do princípio de que as pessoas estão erradas ao adotar uma postura de afastamento, mesmo que não tenham se tornado “desviados”, como popularmente os evangélicos se referem aos apóstatas. Já os motivos que levam as pessoas a tomarem decisões como essas, na maioria das vezes, são colocadas de lado.
Um levantamento da revista IstoÉ, de agosto de 2017, a partir de dados da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, estimou que o número de desigrejados no Brasil, atualmente, supere a faixa dos 4 milhões de pessoas.
No entanto, para muitos pastores e teólogos, a prática da fé cristã fica prejudicada com o afastamento do fiel em relação à Igreja: “Viver sem igreja está errado. Tentar ser crente em casa, sozinho, tá errado também”, disse o reverendo Augustus Nicodemus Lopes, líder da Primeira Igreja Presbiteriana de Goiânia (GO), em um vídeo sobre o assunto, publicado em seu canal do Youtube.
Respeitado como um dos principais teólogos do Brasil, Nicodemus Lopes considera os desigrejados a repetição de algo que ocorreu ao longo da história do cristianismo, com grupos diferentes que tentaram seguir a fé e se reunir de maneira informal.
Nicodemus Lopes destaca ainda que a Igreja, embora imperfeita, não é a responsável por tudo que acontece de errado em seu meio: “Criticar a igreja organizada, como se ela fosse a mãe de todos os males, tá errado, é ingratidão e desconhecer a história da Igreja também. O que devemos fazer é reconhecer a necessidade de estarmos juntos com nossos irmãos e obedecermos ao que Jesus mandou em termos de membresia”, declarou.
“Jesus mandou batizar. Jesus mandou discipular. Jesus disse que tinha de ter disciplina, que se o irmão pecasse e não se arrependesse tinha de ser excluído. Jesus falou da liderança da igreja. O apóstolo Paulo constituía presbíteros e diáconos. Então, tudo isso implica um mínimo de estrutura para que você obedeça essas ordens do Senhor Jesus”, acrescentou o reverendo.
Outro líder evangélico que se arriscou a estudar o fenômeno, pastor Daniel de A. Durand, escreveu o livro Desigrejados, num esforço de traçar o perfil do evangélico que resolve deixar a igreja para viver uma fé longe das organizações.
No livro, Durant explica que as pessoas que toma essa atitude se equivocam ao acreditarem que não precisam estar inclusos em uma igreja para viver a vida cristã, de acordo com informações do portal JM Notícia.
Já o livro Os Sem-Igreja, de Nelson Bomilcar, também traz um questionamento a respeito dos desigrejados: esses cristãos não poderiam contribuir com o aperfeiçoamento da Igreja, insistindo em novos caminhos, ao invés de se afastarem?
Fonte: gospelmais.com.br

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