quarta-feira, 7 de maio de 2014

O QUE O VERDADEIRO EVANGELHO PRODUZ




O QUE O VERDADEIRO EVANGELHO PRODUZ

(Atos 14.1).


Introdução. Observamos neste texto, Paulo e Barnabé, como de costume, entram numa sinagoga judaica, e lá “… falaram de tal modo, que creu uma grande multidão...”. Nos chama atenção na leitura deste capítulo, as mais variadas consequências da pregação dos apóstolos, tais como: divisão, perseguição, incitação de ânimos, apedrejamento e toda sorte de confusão. Outros resultados: arrependimento (v.1), sinais, prodígios e maravilhas (vv. 3,8-10). E algo interessante também é que a multidão ao ver esses acontecimentos queria idolatrar os homens de Deus, (11-13). Os apóstolos, então recusaram tal atitude e repreenderam a todos dizendo que eram homens comuns, sujeitos as mesmas fraquezas, que eles deveriam converter-se ao Deus vivo.

Algumas lições podem ser aplicadas aos nossos dias, visto que o verdadeiro evangelho é imutável, eficaz e como tal, ainda produz resultados preciosos, senão vejamos:

Primeiro. O evangelho produz mudança de vida. “… falaram de tal modo...”, (v.1). Infelizmente, hoje, existe grande carência de pregação de temas, como arrependimento, novo nascimento, regeneração, santificação, etc. tais assuntos, não atraem público às igrejas. As pessoas não querem comprometimento com Deus e sim viver suas vidas desfrutando das paixões e vaidades carnais, que só afrontam e entristecem ao Criador. Assim, como os pregadores estão preocupados em atrair multidões, eles pregam o que elas querem e gostam de ouvir e não o que necessitam. As prioridades são: o aluguel do templo, prebendas, aparências, viagens, lazer, carros, etc. e não a salvação de vidas. O verdadeiro evangelho deve ser pregado de tal modo que convença os pecadores de seu estado e os conduza a buscar a salvação de Deus.

Segundo. O evangelho produz perturbação, divisão, (vv.2,4). Parece que estamos pregando hoje um evangelho “light”, bem diferente do evangelho que Jesus pregou. Jesus causava perturbação nos seus ouvintes. Certa vez ele proferiu um sermão tão duro que muitos dos discípulos ficaram escandalizados e alguns o abandonaram: Muitos, pois, dos seus discípulos, ouvindo isto, disseram: Duro é este discurso; quem o pode ouvir?”... Por causa disso muitos dos seus discípulos voltaram para trás e não andaram mais com ele. Perguntou então Jesus aos doze: Quereis vós também retirar-vos? (Jo 6.60,61,66-69).O profeta Elias também marcou sua época: “E sucedeu que, vendo Acabe a Elias, disse-lhe: És tu, perturbador de Israel? Respondeu Elias: Não sou eu que tenho perturbado a Israel, mas és tu e a casa de teu pai, por terdes deixado os mandamentos do Senhor, e por teres tu seguido os baalins”, (1Rs 18.17,18). Estamos carentes de pregadores que não se contaminem, nem se conformem com o sistema deste mundo (Rm 12.2), que não se vendam pelas migalhas e oferendas, que não negociem seus princípios, sua integridade e caráter por um horário, ou aparição, ou ainda por uma entrevista na mídia. Estamos necessitando de pregadores que causem revolução no inferno, que as hostes espirituais da maldade se sintam incomodadas e perturbadas. Este é o verdadeiro evangelho que os apóstolos pregaram e revolucionaram o mundo, (At 17.8; 19.23-29).

Terceiro. O evangelho produz milagres, sinais e prodígios, (vv.3,8-10). Quantas vezes somos indagados acerca da escassez de milagres nos dias de hoje. Será que Deus mudou? Os milagres não são mais para os nossos dias? Claro que não, Deus não mudou, (Hb 13.8). O que mudou foi a motivação do homem, o seu amor e temor a Deus  Faltam homens espirituais e de fé em Deus. O que vemos são pessoas egoístas, amantes de si mesmas indiferentes a dor e sofrimento do próximo. Infelizmente são raros os milagres em nossos dias e quando surge alguém com o dom da fé para operar sinais e prodígios, logo se deixa levar pela fama e se aproveita para angariar para si benefícios materiais. 

Quarto. O evangelho produz fascínio, (vv.11,13). É impressionante o sentimento, a reação da multidão ao ouvir o evangelho propagado pelos apóstolos. Geralmente a multidão não é tendente a pensar, a analisar. Muitos se ajuntam e nem sabem a razão, (At 19.32). Ao ouvir e ver os sinais operados através da instrumentalidade dos homens de Deus, o povo logo quis faze-los de deuses. O ser humano é assim mesmo. Não foi diferente quando Moisés subiu ao Monte para receber as tábuas da Lei e quando o povo viu que ele demorava, trataram de construir um bezerro de ouro para adorar. Ai está o grande perigo, pois muitas vezes o inimigo sabendo dessa fraqueza do homem procura induzi-lo a essa prática, a fim de desviar o foco da adoração ao verdadeiro Deus. O ser humano é facilmente atraído pelo oculto, pelo sobrenatural, pelas manifestações místicas. Hoje, multidões são atraídas pelos astros de tv, cinema e do esporte. Mas, no meio evangélico não é diferente. Milhares de crentes idolatram e pagam absurdos para assistirem shows de cantores gospel, outros nutrem verdadeira paixão por líderes e astros e até desembolsam elevadas quantias para doarem aos tele evangelistas. São pessoas vítimas desse fascínio desenfreado e sentimento religioso mal orientado.

São pessoas se realizam em pressionar Deus e arrogantemente cantam: “Restitui, eu quero de volta o que é meu!”. E “o melhor de Deus ainda está por vir”, desprezando o fato de que o melhor que havia no céu ao lado do Pai, já veio. Gente que se sente rodeada de inimigos, incapaz de orar por eles. Gente rancorosa, que não perdoa, que quer se sobressair e até ser adorada pelos supostos inimigos.

Quinto. O evangelho produz a rejeição da fama e louvor a si próprio, (vv.14,15). Todos gostam de receber elogios, de reconhecimento, da fama, do louvor. É comum o ser humano buscar o engrandecimento pessoal. Essa febre tem atacado milhares e milhares de pastores, de cantores em todo o mundo em todas as épocas. Mesmo com inúmeras recomendações bíblicas de adorar e honrar somente a Deus o homem não se cansa de buscar a fama e a glória para si. O primeiro foi Satanás e foi lançado do céu, (Lc 10.18). A Bíblia menciona Herodes que foi ferido e comido pelos bichos porque não deu glória a Deus, (At 12.23). Quantos homens se dizendo servos de Deus, impõem a seus liderados submissão irrestrita, muitos chegam até mesmo ao constrangimento de ordenar quando da sua chegada ao recinto, que todos se levantem a fim de receber o “homem de Deus”. Certamente que o Senhor, assim como puniu todos aqueles que quiseram roubar a glória que lhe é devida, não deixará impunes nenhum desses. Paulo e Barnabé nos deixaram essa instrução, quando recusaram receber louvor da multidão.

Sexto. O evangelho produz responsabilidade e compromisso de edificar o reino de Deus, (vv.22,23). Oposições e dificuldades existem em todos os lugares. O evangelho deve ser pregado de forma a consolar, motivar e encorajar a todos os que labutam. A Bíblia diz: “E na verdade todos os que querem viver piamente em Cristo Jesus padecerão perseguições”, (2Tm 3.12). O evangelho produz vida, ânimo, fortaleza, fé e prepara os seus servos a viverem nesta vida de tal maneira que não desfaleçam nem desanimem, pois que por muitas tribulações nos importa entrar no Reino de Deus, (2Tm 3.13). Tal ensino confronta os pregadores da teologia da prosperidade, que visam prioritariamente o material.

Sétimo. O evangelho produz o reconhecimento de que é Deus e não o homem quem tudo faz, (v.27). Como é lindo esse versículo: “Quando chegaram e reuniram a igreja, relataram tudo quanto Deus fizera por meio deles, e como abrira aos gentios a porta da fé”. Muitas foram as experiências que tiveram durante a viagem. Muitos sinais e prodígios foram operadas. Se fosse nos dias de hoje, certamente que os pastores relatariam que eles pregaram para milhares de pessoas, que operaram diversos milagres, que expulsaram muitos espíritos de demônios, enfim que sua viagem tinha sido bastante frutífera. Mas os apóstolos direcionaram toda glória ao Senhor Deus dos milagres. Relataram tudo quanto Deus e não eles fizeram. Que cada um de nós aprendamos e reconhecer que é Deus e não nós que faz todas as coisas para seu louvor eterno.


Pr. José Ivan Barbosa
Artigo publicado na Revista Mandamentos

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